Em diversos locais de São Paulo, um processo de escaneamento de íris está atraindo centenas de pessoas, que trocam seus dados biométricos por criptomoedas. O procedimento, promovido pelo projeto World ID, visa criar uma identificação única para seres humanos, mas tem gerado controvérsias devido aos riscos à privacidade e segurança.
Na região da Avenida Paulista, as pessoas aguardam em filas para ar pela verificação de íris, utilizando um aplicativo para agendar a coleta dos dados. A maior parte dos participantes, como o motoboy Bruno Barbosa Souza, 25 anos, desconhece os objetivos do projeto, mas participa em busca de uma recompensa financeira. “Foi um colega meu que indicou. Me disse que eles davam dinheiro, em torno de R$ 400 para ler a retina do olho, alguma coisa assim. Não sei para o que eles estão fazendo isso”, contou Souza.
A Worldcoin, criptomoeda utilizada pelo projeto, oferece pagamentos em tokens aos participantes. Segundo os envolvidos, o valor pode ser convertido em dinheiro, com o pagamento ocorrendo em até 24 horas. Para muitos, como Wallace Weslley, 31 anos, o atrativo principal é o pagamento imediato. “Eu já fiz também. Recebi em torno de R$ 200. Em 24 horas, o dinheiro fica disponível”, afirmou.
A empresa por trás do projeto, a Tools for Humanity, desenvolve a tecnologia World ID, que utiliza a íris como um identificador único, similar às impressões digitais. A empresa afirma que o processo é seguro, com dados criptografados e anonimização garantida. “A íris é dotada de uma característica muito específica, que é a unicidade”, explicou Nathan Paschoalini, pesquisador da Data Privacy Brasil.
No entanto, especialistas em privacidade e segurança, como Karen Borges, do NIC.br, alertam para os riscos envolvidos na coleta de dados biométricos. A principal preocupação é o uso inadequado desses dados e o potencial vazamento. “A coleta de dados por dinheiro é uma prática duvidosa, podendo ser caracterizada como exploração de populações vulneráveis”, destacou Borges.
O projeto também tem sido alvo de fiscalização por parte da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que investiga a segurança do processo de coleta de dados biométricos. A agência busca garantir que as normas de privacidade sejam respeitadas, especialmente em relação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que regula o tratamento de dados sensíveis, como os biométricos.
Enquanto isso, a Tools for Humanity defende que o processo é transparente e garante a proteção dos dados. “A World não coloca em risco a privacidade das pessoas, muito pelo contrário, é uma rede projetada para proteger a privacidade”, afirmou Rodrigo Tozzi, chefe de operações da empresa no Brasil.
Perguntas frequentes: 6a1u2
O que é o escaneamento de íris no projeto World ID? O escaneamento de íris no projeto World ID é um processo utilizado para verificar a identidade humana de forma única, utilizando dados biométricos para criar um código de validação.
Como funciona o pagamento em criptomoedas por escanear a íris? O pagamento é feito em tokens da criptomoeda Worldcoin, com os participantes recebendo uma quantia após realizar o escaneamento de íris, sendo parte do pagamento liberado imediatamente e o restante em parcelas.
Quais são os riscos de fornecer meus dados biométricos para Worldcoin? O risco envolve a possibilidade de vazamento de dados sensíveis, como a íris, que é um identificador único. Além disso, o fornecimento de dados pode ser associado a práticas duvidosas, como a exploração de populações vulneráveis.
O que é Worldcoin e como funciona? Worldcoin é uma criptomoeda utilizada no projeto World ID, que recompensa os participantes com tokens digitais após a verificação de sua humanidade por meio do escaneamento de íris.
O que é a empresa Tools for Humanity e qual é seu objetivo com o projeto World ID? A Tools for Humanity é uma empresa que desenvolve o projeto World ID, com o objetivo de criar um sistema que utilize a íris para validar identidades humanas, ajudando a diferenciar humanos de robôs e IA.
Quais são os riscos de segurança ao fornecer a íris para um aplicativo? Os riscos incluem o vazamento de dados biométricos, que são únicos e permanentes, e a possibilidade de uso indevido ou exploração dos dados por terceiros.
O escaneamento de íris é seguro? Embora a empresa alegue que os dados são criptografados e anonimados, especialistas alertam para os riscos de segurança, como o vazamento ou uso inadequado das informações pessoais.
O que é a LGPD e como ela protege meus dados biométricos? A LGPD é a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que regula a coleta, processamento e armazenamento de dados sensíveis, como a íris, exigindo consentimento explícito para seu uso.
Como posso saber se meus dados de íris estão sendo utilizados corretamente? Verifique se a empresa fornece informações claras sobre como os dados serão usados e armazene um termo de consentimento informado, como exige a LGPD.
A coleta de dados biométricos pode ser exploratória? Sim, especialmente se realizada em troca de recompensas financeiras, o que pode levar populações vulneráveis a fornecer dados sem compreender plenamente os riscos.
Como a verificação de humanidade pode evitar fraudes digitais? A verificação de humanidade, ao usar dados biométricos exclusivos como a íris, ajuda a prevenir fraudes e garante que apenas seres humanos, e não IA, realizem transações online.
O que é anonimização de dados e como a World ID garante isso? Anonimização é o processo de tornar os dados irreconhecíveis e impossíveis de associar a um indivíduo. A World ID afirma que os dados da íris são criptografados e armazenados de forma anonimizadas.
A coleta de íris para criptomoedas é legal no Brasil? A coleta de íris para criptomoedas é legal desde que cumpra as normas da LGPD e outras legislações de proteção de dados no Brasil, mas deve ser transparente e garantir a segurança dos dados.
O que é a criptomoeda Worldcoin e como ela funciona? Worldcoin é uma criptomoeda usada no projeto World ID para recompensar os participantes por realizar o escaneamento de íris, com um valor que pode ser convertido em reais ou outras criptomoedas.
Como a inteligência artificial pode usar dados biométricos? A IA pode usar dados biométricos, como a íris, para autenticar identidades, mas também pode representar riscos de uso indevido ou manipulação de dados sensíveis.
Por que especialistas alertam sobre o uso de dados biométricos como a íris? Especialistas alertam sobre os riscos à privacidade, como vazamentos de dados e o uso indevido, que podem violar os direitos dos indivíduos e afetar sua segurança.
Quais são as vantagens e desvantagens de usar íris para autenticação digital? As vantagens incluem a alta precisão e segurança da íris como identificador único, enquanto as desvantagens envolvem preocupações com a privacidade e os riscos de vazamento de dados.
Como a ANPD está fiscalizando o projeto World ID? A ANPD instaurou um processo de fiscalização para investigar a coleta e o uso de dados biométricos no projeto World ID, garantindo que as normas de privacidade sejam cumpridas.
O que a Tools for Humanity diz sobre privacidade e segurança dos dados? A Tools for Humanity afirma que os dados dos usuários são protegidos por criptografia e anonimização, sem armazenamento de informações pessoais identificáveis.
Quais cuidados devo ter ao fornecer dados biométricos para verificação de humanidade? Verifique se a empresa está em conformidade com a LGPD, se oferece transparência sobre o uso dos dados e se garante a segurança e anonimização das informações coletadas.
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