A suplementação de melatonina para ajudar bebês a dormir tem se tornado uma alternativa cada vez mais procurada por pais que enfrentam dificuldades com o sono dos filhos. No entanto, o neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela, diretor do AH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e membro da Society for Neuroscience dos Estados Unidos, destaca que essa prática exige análise criteriosa e acompanhamento médico.
Segundo o especialista, é fundamental observar o comportamento do bebê antes de considerar qualquer intervenção. “Alguns bebês, especialmente aqueles com sinais de altas capacidades intelectuais, como superdotação, podem ser mais acelerados, demandando menos horas de sono. Esse comportamento, embora desafiador para os pais, não necessariamente prejudica o desenvolvimento, sendo uma característica natural e transitória”, explicou.
A melatonina é um hormônio essencial para regular o ciclo circadiano, mas sua produção em bebês ainda está em fase de desenvolvimento. O uso do suplemento sem necessidade pode interferir nesse processo, comprometendo a capacidade da criança de regular o sono de forma autônoma no futuro. Entre os riscos associados ao uso inadequado estão desregulação do ciclo natural do sono, alterações hormonais e efeitos colaterais, como sonolência excessiva, dores de cabeça e desconforto gastrointestinal.
Dr. Fabiano reforça que cada criança possui um ritmo de desenvolvimento único e que nem sempre um sono irregular é sinal de problema. “Encher os bebês de suplementos pode causar mais danos do que benefícios. Antes de qualquer decisão, é essencial consultar um pediatra ou especialista que possa orientar com base em evidências e no histórico da criança”, concluiu.
Embora a melatonina possa ser uma ferramenta útil em casos específicos, o acompanhamento médico e a compreensão das necessidades individuais do bebê são indispensáveis para evitar prejuízos ao desenvolvimento infantil.
Comentários 172l1y